quarta-feira, 25 de agosto de 2010

O Tempo e a Ventavia.

Quem poderá dizer
Que rumo tomará a estrada
E para onde fluirá o dia?
Apenas o tempo.




E quem poderá dizer
Se o seu amor se desenrolará
Como escolherá o seu coração?
Apenas o tempo.

A Ventania estava curiosa, queria saber se o Tempo sabia mesmo tudo que lhe era atribuido pela música, pela filosofia e pela sabedoria popular. Decidida resolveu entrar em contato pessoalmente com ele. Não foi nada fácil.
O Tempo naturalmente é um sujeito que passa rápido, muito esquivo, é maduro, é experiente e é experimentado. Foi muito difícil encontrar um momento mais livre em sua passageira existência real e virtual.
Com agilidade a Ventania se aproveitou de uma brecha do tempo, invadiu seus espaços e com uma rajada de ar, estabeleceu finalmente o contato desejado. Hábil seguiu o trajeto deixado por suas perguntas que vagavam adi eternum no tempo virtual (YR).
Correndo invisível e veloz, insistente e constante, perseverante e forte por dias seguidos, a ventania varre os mundos, devasta os pensamentos e causa todo tipo de desordem que costumeiramente é capazes de criar. Até conseguir seu objetivo, fazer o Tempo perceber o seu intempestivo passar.
O Tempo é um homem de braços longos de adulto, pernas fortes de adolescente e rosto inexpressivo de criança. Ele estava esperando a tempos uma ventania. Contemplativo, sereno e ponderado, percebeu ela chagar já a aguardava placidamente, como todos que sabem ter todo o tempo do mundo.
Do encontro do Tempo com a Ventania surge o seguinte diálogo.
Ventania. Corri o mundo para te encontrar, grata por me receber.
Tempo. Eu sei.
Ventania. Não quero tomar muito do seu tempo, sei que devo correr pois sinto ter apenas um sopro de ar. Desejaria suas respostas é um grande perguntador, mas eu também tenho um punhado de perguntas a vagar.
Tempo. Eu sei.
Ventania. É verdade que o senhor sabe a resposta de todas as perguntas? Conhece todo o futuro? É o senhor de tudo e de todos?
Tempo. Sim, é verdade.
Ventania. O senhor pode provar?
Tempo. Claro. Daqui a dois segundos um novo pensamento vai entrar em sua mente. Como a força do pensar é em você a tradução do vento, este, empurrará o seu comportamento e fará sua natureza mutante buscar obstinadamente o saber nos quatro cantos do mundo.
E de fato aconteceu. O Tempo contemplou calmamente as mutações que ocorriam à Ventania. Cada pensamento que lhe invadia a mente tomava a sua alma. Eram devastadores, fortes, urgentes e reais.
Ela se entregava e buscava seguir o seu destino. Mas relutante disse.
Ventania. Isso não prova nada. Meu agir pode estar predestinado, é fruto da minha natureza existêncial.
Tempo. Não estava. Sua pergunta exigia uma prova e não dizia respeito à predestinação. Mesmo se estivesse, eu saberia.
Ventania. O senhor quer dizer então que pode prever quase tudo que vai acontecer? Pode conhecer o futuro de todas as guerras, de todas as vidas, saber que nascer e como um passo do morrer, saber como o mundo vai silenciosamente se transformando.
Tempo. Sei. Em todos os detalhes.
Ventania. Para alguém que sabe tanto, o senhor me parece muito tranqüilo. Quase zen.
O Tempo sorriu pacientemente e não respondeu, mas eu também não havia feito nenhuma pergunta.
Ventania. De que adianta saber tanta coisa e não revelar ou ser capaz de fazer nada?
Tempo. Que juízo injusto e apressado! Eu naturalmente revelo.
Não há nada que eu não acabe revelando. Como dizem, “o tempo dirá a seu tempo”.
Eu sigo contemporizando, não tenho a sua pressa e nem me deixo levar. Na última hora, por assim dizer. Eu digo tudo, e direi muito mais.
Ventania. Se você não faz nada e só espera. Qual é então a sua função?
Tempo. Educativa, naturalmente. Sou a sua única chance de aprendizado. É comigo que aprenderá qual o sentido do tempo, qual o sabor da espera, dar tempo ao tempo. Mas isso deveria parecer meio que óbvio, caso você pudesse passar mais tempo a pensar.
Ventania. Quando o senhor diz “sua única chance” está dizendo minha, ou a de todo mundo?
Tempo. Sua. Do mundo.
Ventania. Mas também para todos os outros?
Tempo. Também.
Ventania. Sabe sobre todo mundo, então sabe sobre mim. Conhece o meu futuro. Sabe se terei um novo encontro com você, se visitarei o Peru, se morrerei sozinha ou nos braços de quem me ama.
Tempo. Sei. Sei até mesmo as perguntas que você não sabe ainda fazer.
Ventania. Tenho de dizer que é frustrante. O senhor sabe tudo mas não pode fazer nada, não pode ficar comigo e nem dizer nada, não antes da hora. Pode dar pelo menos uma indicação mais geral? Com relação a nós talvez. As coisas vão melhorar ou piorar prá gente?
Tempo. Não posso julgar se já estiveram boas, por isso não sei dizer se vão melhorar. Posso talvez afirmar que as coisas vão se acentuar. Mas isso também deveria parecer óbvio, a relação do nós e nossa.
Ventania. O senhor é otimista?
Tempo. Você caminha comigo há 50 anos e não sabe ainda dizer?
Ventania. Então o senhor pode me responder se vai dar tudo certo no final?
Tempo. Pra quem?
E o Tempo fez aqui uma pausa levemente irritante para a Ventania.
Tempo. Posso dizer ao certo que haverá um final. Mas…................
Ventania. ….................................mas isso já deveria parecer óbvio.
Está bem. Só mais uma pergunta.
Tempo. Já não era sem mim.
Ventania. De onde eu venho temos a expressão “perguntar ao tempo quanto tempo o tempo tem”. O senhor sabe quanto tempo tem? Quer dizer, quanto tempo lhe resta e quando o tempo deixará de existir?Tempo. Sei.
Ventania. Desculpe dizer, mas isso parece não lhe incomodar. Como é que o senhor consegue viver sem lutar, sem buscar, sem perseguir os seus desejos, mesmo conhecendo o seu próprio e inevitável fim?
O Tempo respondeu depois de uma longa pausa.
Tempo. Você também conhece o seu fim.
A diferença entre nós é que eu sei esperar o tempo do meu fim e você sabe correr atrás do tempo do seu fim.


O Tempo (M.) e a Ventania (L.) se calaram.
O tempo porque já sabia, a Ventania porque finalmente entendeu.
No fim eles estariam eternamente juntos.

Não foi lindo o encontro do Tempo com a Ventania M.?
Conte para suas filhas, elas contaram para seus netos e assim esse encontro se perpetuará no tempo e no espaço.

domingo, 22 de agosto de 2010

O Vento e a Ilha

O Vento e a llha

O Vento na Ilha

O vento é um cavalo
Ouça como ele corre
Pelo mar, pelo céu.
Quer me levar: escuta
como recorre ao mundo
para me levar para longe.

Me esconde em teus braços
por somente esta noite,
enquanto a chuva rompe
contra o mar e a terra
sua boca inumerável.

Escuta como o vento
me chama calopando
para me levar para longe.

Com tua frente a minha frente,
com tua boca em minha boca,
atados nossos corpos
ao amor que nos queima,
deixa que o vento passe
sem que possa me levar.

Deixa que o vento corra
coroado de espuma,
que me chame e me busque
galopandanto eu, emergido
debaixo teus grandes olhos,
por somente esta noite

descansarei, amor meu.

Pablo Neruda

Sentado a beira do caminho


Quando de minha visita a Vila Forketa em Caxias do Sul RS. - 08/2010

EM HOMENAGEM A TIGRESA

Tigresa

Parece que en su mirada guarda un misterio escondido,
une sin saber realmente imágenes que no olvido
de la fuente el agua clara, en esos dos ojos verdes
y en ellos guarda también un fuego intenso y fuerte.

Ha de traer en la sangre la marca tibia de un pueblo
que renace siempre y vuelve siempre a recomponerse.
Y entrega en su figura toda, como uma estampa viviente
toda la magia de España, de España todas sus gentes.

Y se enraíza también en eso que vivo siento
un recuerdo de lugares más exoticos, candentes
arenas vagas que errantes, nos devuelve a la vida
la antigua imágen del llanto, del dolor y las heridas.

Cómo definir, entonces, un ser tan profundo y bueno
cuando trae tantas cosas entre sus ocultos velos.
Podría decir ahora que en el mar de esos dos ojos
si me ahogara no caería; como aquella vieja imagen
con razón y sin razones sé bien que renacería.

Baronesa de Simiane

Cowboy fora da Lei - Raulzito 21 anos sem ele 22/08/2010