sexta-feira, 29 de outubro de 2010

O CAVALO E O VENTO

O CAVALO E O VENTO

Certo vento soprava mais uma vez por aquele centro histórico. Aquele Largo reinventado e que ressurge em todas as épocas; entretanto, uma corrente de ar formada por um jovem sopro de final de verão mostrou-lhe algo. Pela primeira vez, notara que a cabeça do equino de bronze jazia olhando para a igreja em busca de perdão. A sua e àquela volta sempre os músicos joviais alimentando-se de êxtase líquido, de estupor engarrafado. Almas que vivem sua autenticidade bem no centro do coração de pedra do sistema capital. Mesmo o coração de pedra possuía animação própria. E o vento sorriu encantado.


Ele girava e o céu retorcia em imagens de seu passado de experiências naquele mesmo lugarzinho. Era um menino em anos liquidados e tinha expectativas românticas, parecia um raio que se perdeu numa tormenta escura. Os bares abertos traziam novos clientes; histórias, as mesmas. Amava a troca e sonhara com mudanças. Observando ao redor, já com a luz das estrelas desceu a rua até a padaria onde poderia assoprar um café.

O glutão se alimentava como faminto animal na padaria da alameda. Arrotou bem na sua cara, pobre vento passageiro. Sentiu o refluxo gástrico subindo com a leve dor eclodindo esofagite num arroto seco. No centro a mulher de cabeça fina, sugada, falava ao telefone sobre o filho de dezenove anos que tomava rumo elogiável e beirava a independência. Logo sairia de casa, com orgulho. Ela nunca fizera nada diferente de trabalhar para o sustento da prole. No fundo o casal de garotos de vestes coloridas e estampas esculpiam sorrisos regozijando de suas jovens experiências de dias felizes e de shows e da promessa de alegria eterna.


“Deus....mil vezes aqueles mocinhos babões. Cavalo de pedra, soprou, é hora de acordar”.


Decidido, ele, que não era vento nobre nem fazia milagre, inspirou fundo e com grande impulso implorou por Zéfiro. Eis que um vento muito maior surgiu glorioso e de ar imponente. Era um irmão de titãs, era Zéfiro. Num ágil vôo chegou até a cabeça do cavalo, e o vento, simplório, assistiu estarrecido ao improvável. Zéfiro atravessou a estátua e num sopro deu vida nova àquela cabeça.

A arte de viver com pouco pode ser menosprezada, mas é imortal, pois sempre há quem a admire, sempre um desbravador em busca das alturas libertará o espírito após o encontro da arte pura de imortais. Largar a razão e enlouquecer. Há de se perceber essa possibilidade, sem insensatez e sem razão, um extravasar de emoções essenciais para o espírito se manifestar. O vento observou de canto e se viu como mais um personagem que a qualquer momento tomaria o papel principal.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Quando Setembro Vier



















A poesia tem comunicação secreta com o sofrimento do homem.

Pablo Neruda

Nega-me o pão, o ar,
a luz, a primavera,
mas nunca o teu riso,
porque então morreria.

Pablo Neruda

Pedra Jade

Nunca jamais esqueça de seu irmão, talvez ele esteja precisando muito mais do que voce, abra o seu coração, Deus agradece.






JADE
Possui forte conexão com a Lemúria. Atrai força. Abre caminho para as vidas passadas, especialmente as vividas no oriente. Alivia desarranjos no sistema imunológico. Gera amor divino ou incondicional. Associado com as principais virtudes; coragem, justiça, misericórdia, modéstia e sabedoria. Confúcio disse que jade serviu como um lembrete da integridade da mente e da alma. Energia: receptiva. Planeta: Vênus. Signo: Touro. Elemento: água. Objetivo: amor, sabedoria, cura. Chacra: cardíaco.

O jade e as pedras verdes desempenharam um papel muito importante na ordenação
do universo cultural mesoamericano e na materialização de sua cosmovisão.
Jade é o termo genérico referente a dois minerais nobres – a jadeíta e a nefrita – que
tem como composição básica os óxidos de Silício (Si), Alumínio (Al), Sódio (Na),
Magnésio (Mg) e Cálcio (Ca) que, devido à reação como o Ferro, adquirem colorações
esverdeadas, variando desde tonalidades muito claras a um verde escuro-azulado.
Caracterizam-se, sobretudo, pelo brilho e dureza e seu valor está, em grande parte,
associado à sua raridade, dado que as condições para a sua produção são bastante especiais:
baixas temperaturas e alta pressão em zonas de falha geológicas - o que faz com que, em
todo o mundo, haja somente 10 ou 11 regiões produtoras. Na Mesoamérica, somente a
jadeíta foi conhecida (Lange, 1993).
Entretanto, grande parte de seu valor e conteúdo simbólico está, inegavelmente,
associado à cor verde, que relacionavam os antigos mesoamericanos à vegetação, às águas
e, em especial, nos relatos míticos, ao milho - alimento básico dessas populações.
De um modo geral, fontes escritas e pictoglíficas (cóldlices) oferecem abundantes
descrições sobre o jade, enquanto símbolo de vida, e mais que isso, como gema geradora de
vida: contas e pedras desse material eram colocadas na boca dos mortos como um
substituto do coração (Torquemada, XIII,XLV; Sahagun, Ap. II, 26-27); as jovens recémcasadas
recebiam de presente esses mesmos objetos para garantir a concepção.




Muitos acreditam que a a pera Jade é a pedra da Imortalidade, uma pedra com valor muito alto espiritualmente e financeiramente.

sábado, 11 de setembro de 2010

Verde que te quiero verde




Verde
Verde (CB)

Verde que te quiero verde
Verde viento verdes ramas
El barco sobre la mar
El caballo en la montaña
Verde, que yo te quiero ver (te camelo verde)

Com a sombra na cintura
Ela sonha na varanda
Verdes olhos negro pelo
Seu corpo de fria prata
Verde, que eu te quero verde, sim
Ah, que te quero verde

Compadre quiero cambiar
Mi caballo por tu casa
Mi montura por tu espejo
Mi cutilo por tu manta
Verde, que yo te quiero verde

Compadre vengo sangrando
Desde los puertos de cabra
Y se yo fuera mocito
Ese trato lo cerraba
Verde, que yo te quiero verde, verde ...

Compadre donde está dime
Donde está esa niña amarga
Cuantas veces yo lo espere
Cuantas veces yo lo esperaba
Verde, que te quiero verde ...

Verde que te quiero verde ...



quarta-feira, 1 de setembro de 2010

O significado do verde

O verde tem uma forte afinidade com a natureza e nos conecta com ela, nos faz empatizar com os demais encontrando, de uma forma natural, as palavras justas.

É a cor que procuramos instintivamente quando estamos deprimidos ou acabamos de viver um trauma. O verde nos cria um sentimento de conforto e relaxação, de calma e paz interior, que nos faz sentir equilibrados interiormente.

Meditar com a cor verde é como tomar um calmante, para as emoções.

O verde escuro representa o princípio da morte e é indescritível. É a negação da vida e da alegria.

O verde lima ou o verde oliva podem ter um efeito prejudicial, tanto fisicamente como emocionalmente.

Quando se juntam o verde e o amarelo, podem despertar sentimentos de inveja, ressentimento e posse.

A cor verde está associada aos signos de Touro, Libra, Virgem, Capricórnio (verde-escuro), Aquário e Peixes (verde-mar).

Palavras chaves da cor verde: natureza, harmonia, crescimento, exuberancia, fertilidade, frescura, estabilidade, resistência. Verde escuro: dinheiro.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

O Tempo e a Ventavia.

Quem poderá dizer
Que rumo tomará a estrada
E para onde fluirá o dia?
Apenas o tempo.




E quem poderá dizer
Se o seu amor se desenrolará
Como escolherá o seu coração?
Apenas o tempo.

A Ventania estava curiosa, queria saber se o Tempo sabia mesmo tudo que lhe era atribuido pela música, pela filosofia e pela sabedoria popular. Decidida resolveu entrar em contato pessoalmente com ele. Não foi nada fácil.
O Tempo naturalmente é um sujeito que passa rápido, muito esquivo, é maduro, é experiente e é experimentado. Foi muito difícil encontrar um momento mais livre em sua passageira existência real e virtual.
Com agilidade a Ventania se aproveitou de uma brecha do tempo, invadiu seus espaços e com uma rajada de ar, estabeleceu finalmente o contato desejado. Hábil seguiu o trajeto deixado por suas perguntas que vagavam adi eternum no tempo virtual (YR).
Correndo invisível e veloz, insistente e constante, perseverante e forte por dias seguidos, a ventania varre os mundos, devasta os pensamentos e causa todo tipo de desordem que costumeiramente é capazes de criar. Até conseguir seu objetivo, fazer o Tempo perceber o seu intempestivo passar.
O Tempo é um homem de braços longos de adulto, pernas fortes de adolescente e rosto inexpressivo de criança. Ele estava esperando a tempos uma ventania. Contemplativo, sereno e ponderado, percebeu ela chagar já a aguardava placidamente, como todos que sabem ter todo o tempo do mundo.
Do encontro do Tempo com a Ventania surge o seguinte diálogo.
Ventania. Corri o mundo para te encontrar, grata por me receber.
Tempo. Eu sei.
Ventania. Não quero tomar muito do seu tempo, sei que devo correr pois sinto ter apenas um sopro de ar. Desejaria suas respostas é um grande perguntador, mas eu também tenho um punhado de perguntas a vagar.
Tempo. Eu sei.
Ventania. É verdade que o senhor sabe a resposta de todas as perguntas? Conhece todo o futuro? É o senhor de tudo e de todos?
Tempo. Sim, é verdade.
Ventania. O senhor pode provar?
Tempo. Claro. Daqui a dois segundos um novo pensamento vai entrar em sua mente. Como a força do pensar é em você a tradução do vento, este, empurrará o seu comportamento e fará sua natureza mutante buscar obstinadamente o saber nos quatro cantos do mundo.
E de fato aconteceu. O Tempo contemplou calmamente as mutações que ocorriam à Ventania. Cada pensamento que lhe invadia a mente tomava a sua alma. Eram devastadores, fortes, urgentes e reais.
Ela se entregava e buscava seguir o seu destino. Mas relutante disse.
Ventania. Isso não prova nada. Meu agir pode estar predestinado, é fruto da minha natureza existêncial.
Tempo. Não estava. Sua pergunta exigia uma prova e não dizia respeito à predestinação. Mesmo se estivesse, eu saberia.
Ventania. O senhor quer dizer então que pode prever quase tudo que vai acontecer? Pode conhecer o futuro de todas as guerras, de todas as vidas, saber que nascer e como um passo do morrer, saber como o mundo vai silenciosamente se transformando.
Tempo. Sei. Em todos os detalhes.
Ventania. Para alguém que sabe tanto, o senhor me parece muito tranqüilo. Quase zen.
O Tempo sorriu pacientemente e não respondeu, mas eu também não havia feito nenhuma pergunta.
Ventania. De que adianta saber tanta coisa e não revelar ou ser capaz de fazer nada?
Tempo. Que juízo injusto e apressado! Eu naturalmente revelo.
Não há nada que eu não acabe revelando. Como dizem, “o tempo dirá a seu tempo”.
Eu sigo contemporizando, não tenho a sua pressa e nem me deixo levar. Na última hora, por assim dizer. Eu digo tudo, e direi muito mais.
Ventania. Se você não faz nada e só espera. Qual é então a sua função?
Tempo. Educativa, naturalmente. Sou a sua única chance de aprendizado. É comigo que aprenderá qual o sentido do tempo, qual o sabor da espera, dar tempo ao tempo. Mas isso deveria parecer meio que óbvio, caso você pudesse passar mais tempo a pensar.
Ventania. Quando o senhor diz “sua única chance” está dizendo minha, ou a de todo mundo?
Tempo. Sua. Do mundo.
Ventania. Mas também para todos os outros?
Tempo. Também.
Ventania. Sabe sobre todo mundo, então sabe sobre mim. Conhece o meu futuro. Sabe se terei um novo encontro com você, se visitarei o Peru, se morrerei sozinha ou nos braços de quem me ama.
Tempo. Sei. Sei até mesmo as perguntas que você não sabe ainda fazer.
Ventania. Tenho de dizer que é frustrante. O senhor sabe tudo mas não pode fazer nada, não pode ficar comigo e nem dizer nada, não antes da hora. Pode dar pelo menos uma indicação mais geral? Com relação a nós talvez. As coisas vão melhorar ou piorar prá gente?
Tempo. Não posso julgar se já estiveram boas, por isso não sei dizer se vão melhorar. Posso talvez afirmar que as coisas vão se acentuar. Mas isso também deveria parecer óbvio, a relação do nós e nossa.
Ventania. O senhor é otimista?
Tempo. Você caminha comigo há 50 anos e não sabe ainda dizer?
Ventania. Então o senhor pode me responder se vai dar tudo certo no final?
Tempo. Pra quem?
E o Tempo fez aqui uma pausa levemente irritante para a Ventania.
Tempo. Posso dizer ao certo que haverá um final. Mas…................
Ventania. ….................................mas isso já deveria parecer óbvio.
Está bem. Só mais uma pergunta.
Tempo. Já não era sem mim.
Ventania. De onde eu venho temos a expressão “perguntar ao tempo quanto tempo o tempo tem”. O senhor sabe quanto tempo tem? Quer dizer, quanto tempo lhe resta e quando o tempo deixará de existir?Tempo. Sei.
Ventania. Desculpe dizer, mas isso parece não lhe incomodar. Como é que o senhor consegue viver sem lutar, sem buscar, sem perseguir os seus desejos, mesmo conhecendo o seu próprio e inevitável fim?
O Tempo respondeu depois de uma longa pausa.
Tempo. Você também conhece o seu fim.
A diferença entre nós é que eu sei esperar o tempo do meu fim e você sabe correr atrás do tempo do seu fim.


O Tempo (M.) e a Ventania (L.) se calaram.
O tempo porque já sabia, a Ventania porque finalmente entendeu.
No fim eles estariam eternamente juntos.

Não foi lindo o encontro do Tempo com a Ventania M.?
Conte para suas filhas, elas contaram para seus netos e assim esse encontro se perpetuará no tempo e no espaço.

domingo, 22 de agosto de 2010